Ónus e Bónus

11 Novembro, 2021

A princípio é simples, anda-se sozinho.

Tomar decisões é a mais visível atividade de um gestor. Fica mais fácil com a experiência, mas nem sempre a qualidade e a eficiência são proporcionais. Com dados ou sem eles, não decidir é também uma forma de decisão.

Sendo certo que o ritmo da mudança mudou para sempre, as características essenciais mais procuradas nos decisores, na presente década, serão, claramente, a agilidade e a resiliência. Aos gestores exige-se que, não só institucionalizem a resiliência nas empresas, depois de uma fase em que a mudança tem estado sobre o efeito de esteroides, como a sustentem como centro do novo diagrama de forças que veio para ficar.

Se a mais central das atividades de um gestor é a tomada de decisão, a mais valiosa, hoje, é a capacidade de entender que, satisfação, reconhecimento e desenvolvimento são as variáveis mais importantes. É imperativo tomar uma decisão quando tudo tem que mudar simplesmente para que tudo fique na mesma ou mesmo quando, as variáveis se reorganizam de forma diferente.

Produtividade e gestão de recursos humanos é assim o binómio que irá impor desafios às clássicas teorias da decisão.

Evidentemente que a dúvida é um elemento natural do processo, mas já os mais antigos propunham soluções para lidar com o assunto. Por exemplo, a teoria conhecida como “a navalha de Ockam” é um princípio metodológico filosófico que propõe que, entre diversas hipóteses formuladas com base nas mesmas evidências a decisão mais racional é acreditar na mais simples, porque esta tenderá a ser a correta, tentando cortar em primeiro lugar o que se afigurar como mais complexo. Não é sempre verdade, mas é uma ferramenta útil a reter e a observar.

Vivemos um momento decisivo para o País que é urgente assumir: existe escassez de recursos humanos disponíveis para trabalhar em praticamente todos os níveis profissionais, os investidores sofrem para conseguir dotar os seus projetos com a força de trabalho necessária e o que não pode repetir-se é que o tema da lei laboral seja sempre abordado e discutido com o mesmo paradigma. O legislador adota soluções ao estilo “referência circular do excel” e as ineficiências estruturais não se resolvem.

Toda a decisão implica um ónus ou um bónus, mas tal como se exige aos gestores, é urgente que o legislador demonstre mais agilidade e resiliência.

 

Carla Rebelo | CEO Adecco Portugal in Expresso