Do Sucesso à Significância

20 Julho, 2019

Ter sucesso é ótimo, mas ……não é suficiente. A significância é sim o que fica, é o atingimento de algo duradouro. Pode conseguir atingir-se um certo grau de sucesso na primeira parte da vida e, isso por si só, é uma emoção muito boa. Mas o que queremos é que a segunda metade da vida seja dedicada também a algo que vá para além do sucesso. Algo maior do que nós próprios, ou seja procurando a significância. Este é o tema do livro de Lloyd Reeb. Continua-se então, neste segundo ato da vida, a perseguir o sucesso, porém com a significância em mente.

Queremos descobrir onde as nossas mais profundas realizações e paixões intersectam com as nossas maiores habilidades. Frequentemente sentida como uma “pausa a meio do jogo” para refletir quem somos e o que será importante, no final da “história”.

Na meia-idade (40 a 55 anos), algumas decisões, entre as quais uma mudança de carreira pode estar associada ao processo de desenvolvimento do indivíduo, representando o encontro com novos significados. É uma etapa do desenvolvimento humano em que ocorrem transformações e reflexões existenciais profundas. Jean Piaget foi o primeiro a propor um modelo de crescimento mental por fases, através do estudo da evolução do pensamento das crianças. O crescimento mental e emocional continua ao longo da vida, porque desenvolvemos novas formas de pensar e de sentir. As diferentes fases produzem inevitavelmente comportamentos diferentes e são hierárquicas, sequenciais e construídas sobre a fase imediatamente anterior.

Em 1994 Robert Kegan identificou um número de fases que os adultos atravessam, sendo que as mesmas não são estanques, oscilando-se entre duas fases, evidenciando-se portanto características de ambas. Funcionam como centros de gravidade onde se regressa sempre que se perde equilíbrio.

Otto Laske, especialista em developmental coaching, dividiu os gaps entre as várias fases para melhor explicar o contexto onde se encontra o individuo. Assim, na idade adulta temos a chamada fase Dois – Individualista, a fase Três – Membro da Comunidade, fase Quatro – Self Authoring e por último a fase Cinco – Self Aware. Curioso é a estatística que reporta que 65% da população nunca passa da fase Três.

Uma empresa enfrenta hoje um dos maiores desafios do século em matéria de gestão do capital humano com a necessidade de obter o melhor da junção num mesmo momento de espaço e de tempo de 4 gerações diferentes. Mas mais do que gerações, temos pessoas em fases diferentes da sua vida. Aplicando os conceitos supra do desenvolvimento sócio – emocional do individuo é possível descobrir o melhor resultado possível desta combinação, que só pode transportar-nos para uma dimensão de qualidade infinitamente superior quanto à gestão de pessoas nas organizações.

Aceita o desafio?

Carla Rebelo, Diretora Geral da Adecco Portugal

In Jornal Expresso, 20 de Julho de 2019