Portugal ocupa o 29º lugar no ranking de maior índice de talento do mundo – GTCI

16 Fevereiro, 2018

O relatório Global Talent Competitiveness Index (GTCI) de 2018 apurou que a Suíça lidera no que diz respeito à competitividade do talento, seguida pela Singapura e os EUA. Em geral, os países europeus continuam a dominar o ranking GTCI, com 15 deles no Top 25. A edição deste ano revela também que os países do top 10 apresentam uma característica em comum: todos eles possuem um sistema de educação bem desenvolvido, que fornece as competências sociais e de colaboração necessárias para a empregabilidade no atual mercado de trabalho.

O relatório publicado recentemente pelo INSEAD, a Business School for the World, em parceria com o Grupo Adecco e a Tata Communications, traduz-se num benchmarking anual completo, que oferece uma imagem completa sobre os níveis globais de competitividade no que se refere ao talento, que mensura a forma como países e cidades o aumentam, o atraem e o retêm, proporcionando um recurso único a decisores, facilitando o desenvolvimento de estratégias competitivas.

 

Portugal no Ranking

No ranking geral que conta com a análise de 119 países, Portugal assume a 29.ª posição, fazendo parte do grupo de países com rendimentos elevados, e Lisboa ocupa o 19.º lugar numa lista de 90 cidades.

Portugal apresenta melhores classificações nalgumas variáveis específicas, tais como: tolerância a minorias e emigrantes, qualidade de vida, publicação de artigos em revistas científicas, sistema de pensões e diferença salarial entre homens e mulheres.

Por outro lado, as piores classificações nacionais referem-se a variáveis como ensino secundário, facilidade de mudança, exportações de elevado valor, colaboração entre organizações, enriquecimento intelectual e gestão profissional.

No âmbito das seis competências que são analisadas no Índice, o nosso país apresenta um bom comportamento, bem como melhorias ao nível da retenção de talento, ocupando o 19º lugar. No que se refere à atratividade de mercado e competências, encontra-se na 30.ª e 31.ª posição, respetivamente, e em 40.ª em competências profissionais e técnicas.

Em geral, os primeiros 15 países do ranking global do GTCI demonstram um forte desempenho em cada uma das seis competências do modelo, sendo que Portugal se situa um pouco abaixo da média. Especialmente no pilar Grow que engloba habilidades globais de crescimento e conhecimentos gerais (35º).

Segundo Carla Rebelo, Diretora Geral da Adecco Portugal, “Tal como em anos anteriores, Portugal e os países europeus continuam a figurar no topo da tabela deste índice. Este ano, a análise centra-se na diversidade e retenção de talentos nos países que fazem parte da amostra, bem como o entendimento do valor da diversidade. É interessante observar que o nosso país, de facto, tem trabalhado para superar algumas barreiras, sobretudo, ao nível das minorias e imigrantes e o papel que as empresas devem ter para a sua integração, o que resulta na subida de duas posições.”

Portugal é um dos países de referência, em termos de tolerância a minorias e imigrantes. É nos indicadores de colaboração que há um amplo espaço para melhorar, particularmente no que diz respeito à colaboração entre empresas no sentido da partilha de ideias em ecossistemas inovadores.

 

Captura de ecrã 2018-02-16, às 07.53.02

 

 

Captura de ecrã 2018-02-16, às 07.53.18

 

Top 20 do ranking em detalhe e resultados para variáveis específicas

A edição do GTCI 2018 inclui 68 variáveis (comparativamente às 65 de 2017), analisadas em 119 países e 90 cidades, (comparando com as 118 e 46 de 2017, respetivamente). Os resultados do GTCI este ano, tal como em anos anteriores, são liderados por países desenvolvidos, cujos rendimentos são elevados.

 

  • A Suíça mantém a sua 1ª posição do ranking, seguida da Singapura e EUA;
  • Os países europeus continuam a dominar os rankings do GTCI, com 15 no Top25;
  • Entre os países que não fazem parte do continente europeu, a Austrália (11º), Nova Zelândia (12º), Canadá (15º), Emirados Árabes Unidos (17º) e o Japão (20º), por exemplo, são os que se destacam nas posições cimeiras.
  • A América Latina apresenta uma boa percentagem de mulheres com grau académico (a Argentina situa-se na 5ª posição desta variável)
  • Os esforços em educação (em comparação com o PIB per capita) são elevados em África (o Botswana encontra-se em 1º, seguido do Lesotho em 2º e Senegal em 5º), mostrando que os desafios foram identificados de uma forma correta nesta área, embora a efetividade desses investimentos ainda possa ser melhorada

 

Top 25 do ranking GTCI 2018 

O Índice avalia as políticas e práticas que permitem a um país atrair, desenvolver e reter tanto “Competências Técnicas/Vocacionais”, como “Competências de Conhecimento Global”, associadas à inovação, ao empreendedorismo e à liderança – o talento que contribui para a produtividade e prosperidade.

 

Este ano o líder do índice de Competitividade de Talento das Cidades é Zurique (2º no ano passado)

Segundo o ranking, 8 das 10 melhores cidades encontram-se na Europa e duas nos Estados Unidos da América, sendo que todas apresentam algumas semelhanças. Assim como no que se refere aos países, ao longo do tempo, as cidades com níveis mais elevados de PIB, levam naturalmente a níveis mais elevados de penetração tecnológica, criando ecossistemas com melhor qualidade no que se refere a educação, negócios, saúde e infraestruturas.

Este ciclo virtuoso leva a uma maior competitividade de talentos. As melhores universidades atraem um nível superior no que se refere ao seu staff, contribuindo com talentos com maior competência para o mercado do trabalho. A energia e a inovação da liderança local podem também ter um papel significante.

O impacto de redes de informação densas e eficientes é particularmente importante, quando se trata de atrair e reter talentos, como demonstrado pelo desempenho de “cidades inteligentes”, como Singapura, Dubai, Abu Dhabi ou Doha.

 

O desafio da diversidade

Além do ranking de competitividade de talento, o relatório deste ano debruçou-se ainda sobre o tema “Diversidade para a competitividade”. Foram distinguidos três tipos de diversidade: a cognitiva, a de identidade e a de preferência (ou valor). O tema da diversidade (colaboração entre pessoas com diferentes personalidades, conjuntos de conhecimento, experiências e perspetivas) foi escolhido porque desempenha, atualmente, um papel crítico na vinculação das políticas de talentos com estratégias de inovação. Olhar para a diversidade demográfica, contribui para um futuro sustentável e inovador e ajuda as organizações a manter e a desenvolver o talento.

A análise complementar aprofundada do relatório de 2018 revela como organizações, cidades e nações estão a abordar o tema da diversidade. Revela ainda, que esta questão necessita sempre de ser acompanhada por uma cultura de inclusão, de forma a ter um impacto real.

Alain Dehaze, CEO Grupo Adecco, refere “Centrarmo-nos na diversidade e inclusão é crucial para superar as fraturas e as desigualdades da nossa era. Este fator significa perseguir uma cultura de inclusão, iniciada em casa e na escola e desenvolver competências sociais e colaborativas, que são a chave para desencadear o poder do trabalho, fazendo com que o futuro seja mais promissor para todos.”

O GTCI coloca, por outro lado, a descoberto que não existe uma fórmula única para a diversidade e a inclusão. A Suíça, por exemplo, não apresenta uma pontuação elevada nas oportunidades concedidas às mulheres, em comparação com a sua posição no global. Os nórdicos, obtiveram boas classificações na maioria das variáveis relacionadas com a colaboração, abertura interna, mobilidade social e igualdade de género, mas ainda têm muitas dificuldades na abertura externa, na atração de talento.

A diversidade, cada vez mais, é um recurso nacional para a prosperidade e inovação tornando-se atualmente numa ferramenta que pode gerar uma maior vantagem competitiva, através da captação, no mercado de trabalho, de profissionais com diversas experiências, conhecimentos e formações.

A abertura por parte das nações no que se refere à diversidade aponta para a necessidade de colaboração, entre pessoas com diferentes conhecimentos e perspetivas. A diversidade de género e outras formas de diversidade de identidade, no sentido de proporcionar novas oportunidades, independentemente do seu contexto socioeconómico, são também um fator de referência, bem como a abertura para imigrantes talentosos.

 

Mensagens chave do GTCI de 2018

 

  1. A diversidade do talento não é explorada como recurso para a inovação. Organizações, cidades e países estão lentamente a aprender a alavancá-la.
  1. É essencialmente com a diversidade cognitiva (conhecimento, experiência e perspetivas) que, através do trabalho de equipa e colaboração, se atingem resultados acima da média.
  1. Inclusão e diversidade andam de “braço dado” quanto às estratégias a seguir. Para aumentar a diversidade as organizações têm que construir normas de inclusão “diversity is being invited to the party but inclusion is being asked to dance”.
  1. Os sistemas formais de educação a todos os níveis, têm uma responsabilidade crucial na construção das competências (knowledge+skills+attitude) que são necessárias para um mundo mais inclusivo.
  1. A capacidade para alavancar a diversidade requer uma liderança determinada e visionária. Por si só, as forças naturais da sociedade não conduzirão à diversidade e inclusão.
  1. As cidades continuarão a mudar o cenário do talento a nível global. A liderança municipal e os compromissos locais são a chave no sucesso das cidades.
  1. As cidades são laboratórios perfeitos para promover a diversidade. Em muitas cidades, ao redor do Mundo, a promoção da diversidade, por si só, levou a avanços significativos em matéria de inclusão.