Recursos (quase) humanos

22 Agosto, 2016

São dois os momentos do ano propícios à reflexão em retrospectiva. Em Agosto e em Dezembro, porque somos obrigados a parar devido ao ciclo de festas e de “banhos” e fazemos, sem mesmo nos apercebermos, um balanço do que foi feito no período transacto, definindo promessas do que pretendemos mudar quando regressarmos ao trabalho. E isto começa, nesta fase, com a máxima determinação.

Estas pré disposições cíclicas são oportunidades para corrigir e melhorar.

Para além da lista de prioridades, revêm-se geralmente atitudes e estas são geralmente as mais difíceis de concretizar, porque exigem mudanças. Quase sempre, são pelo menos, duas as partes envolvidas nesta transformação o que requer coordenação, alinhamento, comunicação e claro, o mais precioso – trabalho de equipa. Mesmo que isso signifique sair da zona de conforto. Aliás, nenhuma mudança acontece sem a coragem de sair da zona de conforto.

Somos, hoje em dia, essencialmente gestores de ativos e nessa qualidade sabemos que os existem de diversos tipos e naturezas. Tangíveis, intagíveis, os que se amortizam, os que se depreciam, os que registam imparidades, os que se tornam obsoletos. Porém, o maior ativo será sempre o capital humano e nem as normas internacionais de contabilidade conseguiram ainda definir como valorizar este elemento, que, na maior parte das vezes, é o único e verdadeiro goodwill de uma aquisição. São as pessoas que fazem as empresas. Ponto.

Sendo a tecnologia um dos ativos com maior investimento nos últimos anos, uma vez que a adaptação ao “novo normal” é fundamental, cria, muitas vezes, armadilhas e dificuldades ao ser humano. É inquestionável que, com a tecnologia surge a produtividade mas pode surgir também o afastamento. É automático que as pessoas preferiram enviar emails, em vez de trocar ideias pessoalmente e os conflitos surgem do nada pela falta da interação humana, para a qual não foi inventada ainda substituto.

Assim sendo, os recursos (quase) humanos não podem substituir os totalmente humanos pelo que é importante não esquecer isto. E mesmo que seja só uma reflexão de férias pode ajudar a clarificar a mente humana. Um dia chegamos lá.

 

Carla Rebelo

CEO Adecco Portugal in Expresso Emprego