A lacuna de competências digitais intensifica a crescente divisão entre nações de altos rendimentos e o resto do mundo
O Grupo Adecco está comprometido em formar e reciclar cinco milhões de pessoas até 2030
- O relatório constata que a clivagem entre países de altos rendimentos, ricos em talentos e o resto do mundo está a aumentar; mais de metade da população do mundo em desenvolvimento não possui competências digitais básicas
- A Suíça lidera o ranking deste ano, seguida pelos Estados Unidos e Singapura em terceiro lugar
- O talento em IA é particularmente escasso e desigualmente distribuído entre indústrias, setores e nações
- É necessária e urgente uma requalificação geral para desenvolver “competências de fusão” que permitem que humanos e máquinas interajam de maneira eficaz e eficiente em atividades híbridas
- O Grupo Adecco compromete-se a formar e a reciclar cinco milhões de pessoas em todo o mundo até 2030, sob a alçada do General Assembly, o braço de qualificação do Grupo e líder global em educação de competências futuras
A falta de competências digitais está a aumentar a clivagem entre os países de altos rendimentos e o resto do mundo, de acordo com uma pesquisa do Grupo Adecco, empresa líder mundial em soluções de RH, em parceria com o INSEAD e a Google.
O Global Talent Competitiveness Index (GTCI) 2020, lançado no Fórum Económico Mundial em Davos, revela que a Suíça continua a liderar o mundo em competitividade de talentos, mantendo o primeiro lugar desde que o Índice foi lançado em 2013, e os EUA passam de terceiro lugar para o segundo, empurrando Singapura para baixo um lugar, em comparação com 2019.
No geral, os países de altos rendimentos dominam os 25 principais e o índice mostra que esses “campeões de talentos” estão a acelerar a sua distância face ao resto do mundo. Essa divisão está a ser intensificada pelo aumento da Inteligência Artificial (IA) e pela lacuna de competências digitais associada, que emergiu entre as indústrias, os setores e as nações.
Reconhecendo essa incompatibilidade de competências e a importância de investir em capital humano, o Grupo Adecco compromete-se formar e a reciclar cinco milhões de pessoas até 2030. O impulso de capacitação será liderado pelo braço de formação e desenvolvimento do Grupo, o General Assembly, especializado em dotar indivíduos e equipas com as competências digitais mais requisitadas da atualidade, incluindo ciência de dados, codificação e capacidades de aprendizagem de automação.
Comentando o Índice 2020, o CEO do Grupo Adecco, Alain Dehaze, afirmou:
“À medida que máquinas e algoritmos continuam a afetar uma multiplicidade de tarefas e responsabilidades e quase todos os trabalhos são reinventados, ter o talento certo nunca foi tão crítico. Hoje, robôs e algoritmos viajaram para além do nível fabril e estão a funcionar na frente das casas, no back-office e nas sedes das empresas. Em todos os níveis, os trabalhadores precisam de formação para aprimorar “capacidades humanas” por excelência – adaptabilidade, inteligência social, comunicação, resolução de problemas e liderança – que complementarão a tecnologia.
Esta década será caracterizada por uma revolução de requalificação com foco nas competências de fusão’ – permitindo que humanos e máquinas trabalhem em harmonia num modelo híbrido. Com isso em mente, o Grupo Adecco compromete-se a formar e reciclar cinco milhões de pessoas em todo o mundo até 2030 – dotando os indivíduos com competências futuras que lhes permitirão prosperar na era da IA. ”
O tema central do relatório GTCI 2020 é o talento global na era da IA. Notavelmente, o relatório constata que mais da metade da população no mundo em desenvolvimento não possui competências digitais básicas e que a lacuna de competências digitais está apenas a aumentar, com alguns países a progredirem muito rapidamente, enquanto a maioria do mundo em desenvolvimento fica para trás.
Novas abordagens estão a ser testadas e experimentadas para encontrar o equilíbrio ideal, onde pessoas e tecnologia podem trabalhar lado a lado e prosperar no local de trabalho do futuro. À medida que essas novas colaborações continuam a ser desenvolvidas, a competitividade global de talentos está a ser redefinida, com as nações a esforçarem-se para ficarem posicionadas como líderes da revolução da IA. Embora a lacuna de competências digitais seja significativa e continue a aumentar, a análise do relatório constatou que a IA poderia oferecer oportunidades significativas para os mercados emergentes “ultrapassarem”.
Por exemplo, as análises longitudinais da competitividade de talentos revelam que alguns países em desenvolvimento, como a China, a Costa Rica e a Malásia, têm o potencial de tornarem-se ‘campeões de talentos’ nas suas respetivas regiões. Enquanto isso, outros países como o Gana e a Índia aprimoraram as suas capacidades de desenvolver, atrair, crescer e reter talentos nos últimos anos, conquistando o status de “movedores de talentos”.
Olhando para as cidades, Nova Iorque lidera o ranking este ano, seguida por Londres, Cidade de Singapura, São Francisco e Boston. A posição de liderança de Nova Iorque pode ser atribuída ao seu forte desempenho em quatro dos cinco pilares medidos na pesquisa, especificamente nas categorias “Enable”, “Attract”, “Grow” e “Global Knowledge Skills”.
Geralmente, as cidades com uma capacidade comprovada de “disponibilidade futura” têm uma classificação alta, com atividades em áreas como IA, fintech e medtech, favorecendo o desempenho de talentos dos cinco primeiros. Muitas cidades estão cada vez mais a experimentarem novas ferramentas baseadas em IA, como reconhecimento facial, videovigilância e veículos autónomos. O sucesso varia entre as cidades, mas aqueles que se saem bem surgirão como hubs de IA com o pool de talentos para implementar, de forma sustentável, soluções globais.
Sobre o Índice de Competitividade Global de Talento 2020 (GTCI)
Na sua 7ª edição, o Global Talent Competitiveness Index (GTCI) é uma ferramenta anual de benchmarking que classifica os países e as principais cidades na sua capacidade de desenvolver, atrair e reter talentos. Desenvolvido em 2013 pelo INSEAD em parceria com o Grupo Adecco, o relatório fornece uma ferramenta para governos, cidades, empresas e organizações sem fins lucrativos, para ajudar a projetar as estratégias de talento, superar diferenças de talentos e ser competitivo no mercado global. O GTCI cobre parâmetros nacionais e organizacionais e gera insights para inspirar ações. O índice deste ano inclui 70 variáveis e abrange 132 países e 155 cidades, em todos os grupos de rendimentos e níveis de desenvolvimento. O GTCI é um índice composto, com base num modelo robusto de variáveis de input-output com o foco em ação, para que os responsáveis políticos e os líderes empresariais se informem e respondam às suas conclusões.
A edição de 2020 aborda o tema do talento global na era da inteligência artificial. O relatório tem como objetivo explorar como o desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA) não está a mudar apenas a natureza do trabalho, mas também a forçar uma reavaliação das práticas no local de trabalho, estruturas corporativas e ecossistemas de inovação. À medida que máquinas e algoritmos continuam a afetar uma multiplicidade de tarefas e responsabilidades e quase todos os trabalhos são reinventados, o talento certo é necessário não apenas para desempenhar novas responsabilidades e maneiras de trabalhar, mas também para capturar valor dessa tecnologia transformadora. Este tópico está no centro do debate nesta era da Quarta Revolução Industrial, uma vez que a IA tornou-se um divisor de águas em todos os setores e mercados. A educação atual e a aquisição de competências também serão transformadas, o que implica que as estruturas formais e informais de aprendizagem evoluirão para responder às necessidades criadas por esse mesmo mundo impulsionado pela IA.
Informação complementar
2020 – Ranking Top 20– Países
Na sétima edição, a Suíça continua a liderar o Índice de Competitividade Global de Talentos 2020, enquanto os Estados Unidos e Singapura ficam em segundo e terceiro, respetivamente, tendo trocado as classificações em relação ao ano passado.
Os três primeiros são seguidos pela Suécia (4º), Dinamarca (5º), Holanda (6º) e Finlândia (7º).
O Iémen terminou na parte inferior do índice deste ano em 132º como em 2019, logo abaixo do Congo (130º) e Angola (131º).
Como nos anos anteriores, classificações mais altas estão associadas a economias de rendimentos mais altos.
Políticas e práticas que trazem competitividade de talentos nos países desenvolvidos são menos suscetíveis à instabilidade política e socioeconómica.
Os países de rendimentos mais altos têm uma infraestrutura estável para investir em formação ao longo da vida, requalificação e desenvolvimento e atração e retenção de talentos globais.
- Portugal mantém a 28ª posição do ranking entre os 132 países analisados.
COUNTRY |
SCORE | OVERALL RANK (2020) | PREVIOUS RANK (2019) | MOVEMENT |
Switzerland |
81.26 |
1 |
1 |
0 |
United States |
79.09 |
2 |
3 |
+1 |
Singapore |
78.48 |
3 |
2 |
-1 |
Sweden |
75.82 |
4 |
7 |
+3 |
Denmark |
75.18 |
5 |
5 |
0 |
Netherlands |
74.99 |
6 |
8 |
+2 |
Finland |
74.47 |
7 |
6 |
-1 |
Luxembourg |
73.94 |
8 |
10 |
+2 |
Norway |
72.91 |
9 |
4 |
-5 |
Australia |
72.53 |
10 |
12 |
+2 |
Germany |
72.34 |
11 |
14 |
+3 |
United Kingdom |
72.27 |
12 |
9 |
-3 |
Canada |
71.26 |
13 |
15 |
+2 |
Iceland |
70.90 |
14 |
13 |
-1 |
Ireland |
70.45 |
15 |
16 |
+1 |
New Zealand |
69.84 |
16 |
11 |
-5 |
Austria |
68.87 |
17 |
18 |
+1 |
Belgium |
68.87 |
18 |
17 |
-1 |
Japan |
66.06 |
19 |
22 |
+3 |
Israel |
65.66 | 20 | 20 |
0 |
2020 – Ranking Top 10– Cidades
As principais cidades são aquelas que apresentam bom desempenho nos cinco pilares do espetro de talentos. A cidade que ocupa a primeira posição – Nova Iorque – é uma demonstração disso, sendo uma das 10 principais cidades em quatro das cinco categorias. As cidades continuam a atuar como laboratórios de teste para novas ferramentas baseadas em IA, como o reconhecimento facial, a videovigilância e os veículos autónomos. O sucesso dessas tecnologias varia de uma cidade para outra, resultados que valem a pena ser observados com atenção antes que essas ferramentas possam ser implementadas de maneira sustentável em larga escala e a longo prazo.
- Lisboa ocupa a 62ª posição no ranking das 155 cidades com uma pontuação de 46.2 tendo descido acentuadamente (em 2019 ocupava a 45ª posição).
CITY |
SCORE | OVERALL RANK (2020) | PREVIOUS RANK (2019) | MOVEMENT |
New York |
73.7 |
1 |
8 |
+7 |
London |
71.7 |
2 |
14 |
+12 |
Singapore |
71.4 |
3 |
17 |
+14 |
San Francisco |
68.1 |
4 |
12 |
+8 |
Boston |
66.8 |
5 |
6 |
+1 |
Hong Kong |
66.4 |
6 |
27 |
+21 |
Paris |
65.7 |
7 |
9 |
+2 |
Tokyo |
65.7 |
8 |
19 |
+11 |
Los Angeles |
62.8 |
9 |
22 |
+13 |
Munich |
61.9 |
10 |
20 |
+10 |