4 tendências da nova realidade laboral

26 Abril, 2021

Competências STEMpathy e Flexiblidade são o legado da pandemia no mundo do trabalho 

Uma sondagem do Grupo Adecco apurou que 45% dos profissionais que estiveram em teletrabalho durante confinamento consideram ideal a localização mista (presencial e remota) para o desempenho das suas funções. Porém, é expetável que na organização do trabalho pós-pandemia 69% da carga horária seja ainda concretizada no espaço habitual de trabalho, enquanto 27% será em casa e 4% noutro local à escolha. Perante este prisma, o CEO global do Grupo Adecco, Alain Dehazerefere quais são os pontos fulcrais para o futuro do trabalho naquele que é um dos principais motores de recrutamento na Europa – a ADECCO. Como será o progresso do trabalho no decorrer dos próximos anos? Como irão as empresas recrutar e os candidatos construir um perfil atrativo para o mercado de trabalho? 

 

Alain Dehaze, CEO global do Grupo Adeccoconsidera que existem quatro fatores que serão imprescindíveis no desenvolvimento sustentável e próspero do trabalho no futuro, que é um legado direto da crise gerada pela COVID-19 em todo o mundo. O desafio que enfrentamos hoje é um desafio de sincronização – devido à aceleração tecnológica: alguns postos de trabalho serão deslocados e, ao mesmo tempo, as empresas terão de contratar novas competências. Como pode um indivíduo permanecer atrativo neste mercado de trabalho que está a mudar a um ritmo muito rápido?“, questiona Alain Dehaze. Mais do que nunca, é seguro que, às tradicionais competências técnicas, o futuro acrescenta à equação do mundo do trabalho um forte peso das soft skills, como a empatia, a criatividade, capacidade de comunicação e adaptação. 

De uma forma genérica, resume que os profissionais que mais sucesso terão no futuro serão os dotados de STEMpathy (Science, Technology, Engineering, Math + Empathy), ou seja: os que reúnem competências em áreas científicas, tecnológicas, de engenharia ou matemática, mas capazes de aplicar os seus conceitos técnicos com muita empatia e capacidade de comunicação. O conceito de STEMpathy é transversal às quatro tendências mencionadas por Alain Dehaze para o futuro do trabalho. 

E o desenvolvimento da empatia (colocar-se no lugar do outro a partir da perspetiva do outro) só se consegue com a interação presencial, com os olhos nos olhos. A importância do trabalho não remoto reside em permitir desenvolver entre muitas outras, esta competência, cada vez mais valorizada no mundo do trabalho. Não esqueçamos que a empatia é (e sempre foi) um dos pilares de uma função de liderança de equipas, sejam grandes ou pequenas. O grande desafio da década do mundo corporativo será encontrar o modelo híbrido que funcione num dado contexto, para a empresa e para o colaborador concomitantemente. Acrescenta Carla Rebelo, CEO da Adecco Portugal.

 

#1 FLEXIBILIDADE Um dos pilares do trabalho num mundo pós-pandemia será a #flexibilidade na localização, concretamente quando se avalia a relevância do teletrabalho no último ano e meio. O tempo deverá ser dividido para que a produtividade dos trabalhadores seja superior: a flexibilidade garante o progresso da aprendizagem e o desenvolvimento do processo de criatividade.  

 

#2 FIM DO HORÁRIO 9H-18H Com esta observação conclui-se que o passo a seguir será #quebrar os padrões típicos do horário laboral das 9h às 18h, permitindo que o trabalhador explore os seus limites, mas também consiga desenvolver capacidades. As idas ao escritório podem ser mais produtivas se apenas acontecerem com algum propósito, como trabalhar em equipa num projeto em concreto. Ter as ideias já niveladas e apenas colocá-las em prática, enquanto no panorama típico há muita gente que despende mais tempo na deslocação até aos escritórios do que consegue produzir ao longo do seu dia de trabalho efetivo. Assim, todo o processo criativo e de elaboração pré projeto final pode ser efetuado em qualquer lado, permitindo que as pessoas evitem as questões de mobilidade e de deslocação, podendo concentrar-se apenas nas funções. 

 

#3 LIDERANÇA FOCADA NA COMPETÊNCIA TÉCNICA E EMOCIONAL É natural que nem todas as funções permitam o trabalho remoto ou sequer a ausência do local, sendo que há áreas em concreto que dependem a 100% da presença dos funcionários. Porém, cabe às empresas igualmente #investir em líderes tecnicamente e emocionalmente fortesdada a dura realidade dos confinamentos, onde cerca de um terço das pessoas sofreram de algum impacto mental devido ao isolamento e adaptação brusca à nova metodologia de trabalhoA incerteza e o medo tomaram conta da vida de muitas pessoas ao longo dos períodos de confinamento, mas continuam a ter um grande peso atualmente, visto que a pandemia ainda não está ultrapassada: as ferramentas desenvolvidas nesta fase devem ser mantidas e expandidas, não esquecidas ou ultrapassadas. O apoio das empresas no progresso contínuo da estrutura emocional dos seus funcionários permitirá que as equipas sejam ainda mais sólidas e resilientes, que se sintam acompanhadas e compreendidas, combatendo o medo. 

 

#4 INCREMENTO DA DIGITALIZAÇÃO Para além das ferramentas emocionais, será indispensável acompanhar o #incremento da digitalização, que tem demonstrado o seu impacto rapidamente a nível mundial nas últimas décadas. Para além, das áreas da saúde ou investigação dado o presente panorama originado pelo Covid-19é importante continuar a desenvolver capacidades no meio digital. Alain Dehaze referiu que em 2030 cerca de 80% dos postos de trabalho ainda não foram inventados aos dias de hoje, portanto a requalificação dos trabalhadores é essencial. As ferramentas de qualificação precisam de ser adquiridas e procuradas pelos funcionários, contudo os empregadores devem permitir que esse crescimento aconteça. A sincronização dentro do mercado de trabalho é essencial, as empresas alimentam-se de pessoas apaixonadas pelo que fazem e essas pessoas mantêm-se apaixonadas se as empresas cuidarem delas.