Quiet Quitting: novo termo, velho problema

20 Dezembro, 2022

Sabe-se que o fenómeno do Quiet Quitting – Desistência Silenciosa está a afetar uma percentagem média próxima dos 50% das organizações em todo o mundo.

Pesem as diferenças culturais e económicas de cada mercado, vivemos numa quinta global e as tendências mimetizam-se: pessoas que cumprem as tarefas sem paixão ou propósito, “desligam-se’ ainda antes do término da jornada de trabalho. O problema destas pessoas não está em cumprir escrupulosamente um horário, o que é desejável. O grande busílis é que os quiet quitters fazem-no sem entusiasmo ou sentido de pertença.

Milhões em todo o mundo, e Portugal não é exceção, atravessam os dias nesta rotina amorfa, uns em procura ativa de outro emprego, outros à espera que a oportunidade espreite num mercado sedento de talento.

São as novas gerações que mais acusam esta ausência de engagement com as suas organizações e mais perto estão da porta da saída. E não se detêm perante um aumento de salário: procuram empresas com responsabilidade social e com uma marca na sociedade. Serão os primeiros embaixadores dessa marca se sentirem um propósito quando nela estão integrados. Têm necessidade de sentir que a entrega é mútua e feita nos dois sentidos: do colaborador para a empresa, mas também, e principalmente, da empresa para o colaborador.

O termo é novo, mas o problema sempre existiu. Mobilizar esta força de trabalho em desistência silenciosa significa, em primeiro lugar, dar-lhe voz: é preciso inquirir, ouvir, analisar e responder com uma cultura de empresa de combate ao silêncio. Que comunica, que ouve e dá feedback positivo.

É indiferente a dimensão da empresa, o importante é implementar as ferramentas à disposição, digitais e/ou humanas, para aferir o grau de satisfação dos seus colaboradores, interpretar resultados e implementar mudanças que demonstrem que a gestão quer cuidar ativamente do seu bem mais precioso: as pessoas.

Uma cultura organizacional onde decorre uma política de comunicação fluída e objetiva, com propósito, onde impera o respeito pelo “Work | Life balance“, onde as respostas se traduzem em benefícios de flexibilidade viáveis e ajustados aos segmentos de negócio, e de reconhecimento do valor do indivíduo de forma integrada na organização, é ganhadora. Retém e atrai talento num contexto em que a assimetria entre procura e oferta de talento é abissal. A produtividade aumenta.

O desafio das empresas é certificarem-se de que as suas pessoas estão conectadas com propósito, que estão focadas e empenhadas. Para despertar motivação, torna-se necessário proporcionar projetos paralelos em que as pessoas se sintam integradas e em que a sua presença tem significado.

Num mundo em mudança, há que perceber que uma força de trabalho desconectada dificilmente será sustentável.

Por Alexandra Andrade, Country Manager da Adecco Portugal in Expresso

 

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